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terça-feira, 13 de abril de 2010

4. A série "Paris Pittoresque" e "Le vieux Paris" [Paris de Atget]

A nova abordagem de Atget quanto aos temas arquitetônicos levou-o a ser escolhido para uma nova série de comissões. Ao restringir-se a edifícios e artefatos anteriores a 1789, especializou-se prudentemente numa área particularmente rentável do mercado fotográfico. Indícios discretos de dois dos fundadores da Commission, ambos conhecimentos pessoais seus, o dramaturgo Victorien Sardou e o pintor Edouard Detaille, presidente da Société des Artistes Français, podem também ter influenciado sua decisão. Atget procurava a maioria dos assuntos para retratar no centro da cidade – edifícios públicos, casas de cidade aristocráticas, igrejas, fachadas completas, assim como detalhes arquitetônicos. Os seus primeiros resultados fotográficos demonstram uma certa falta de unidade de estilo, como se ainda procurasse um rumo. Assim, testemunham uma formação estética auto-didática, cujo propósito não era unicamente ditado pela ambição. As fotografias da vida nas ruas, inteiramente naturais, também advém deste período experimental. Aqui, e mesmo antes da virada do século XX, Atget utilizou um método que estava bastante avançado face aos desenvolvimentos da foto-reportagem que se dariam mais tarde. Em breve começaria a se dedicar especificamente à dimensão social das cenas que presenciava.

Atget começou a reunir todas as fotografias da vida social parisiense numa série, à qual chamou “Paris pittoresque” (Paris pitoresca), ao passo que as fotografias da arquitetura da cidade foram agrupadas sob o nome de “Le vieux Paris” (A velha Paris). Simultaneamente, os amontoamentos de textos impressos e as colunas para os cartazes, que eram um elemento novo e perturbador para a vida urbana tradicional, também pareciam de grande interesse para Atget. Quando ele chegou a 1901, já havia tirado cerca de 1400 fotografias da cidade.

Fonte: texto de autoria de Andreas Krase, traduzido por André Paiva, do livro Atget Paris – Ed. Taschen, 2001.

terça-feira, 6 de abril de 2010

2. Linhas de vida - Início [Paris de Atget]



No começo de fevereiro de 1892, o jornal franco-belga Revue des Beaux-arts publicou um artigo sobre um negócio recentemente formado. Reportava que o fotógrafo parisiense Atget oferecia a artistas, fotografias de paisagens, animais, flores, edifícios e outros objetos. Também oferecia reproduções de quadros e outros materiais de fonte para pintores. A oferta de Atget era sintomática de uma tendência internacional entre artistas e artífices para se apoiarem em imagens e motivos já prontos. Era uma moda controversa. Um crítico anônimo, escrevendo no jornal Art et critique, avisou sardonicamente os artistas para que fossem ao número 5 da rue de la Pitié e comprassem fotografias de Atget, ao invés de continuarem a pagar modelos para posarem para eles.
Por essa altura, Atget já estava na casa dos 30 anos. Havia abandonado uma carreira de ator em teatro de província, e experimentara subseqüentemente, e em vão, ganhar a vida como pintor. A sua decisão de tentar a sorte como fotógrafo foi, portanto, bastante realista. As suas primeiras fotografias foram, provavelmente, tiradas por volta de 1888, e haviam mostrado que a técnica, embora sofisticada, não requereria qualquer treino dispendioso. E enquanto pintor que fora, estava bem ciente da necessidade de materiais visuais nos estúdios dos artistas e artífices.
A estréia de Atget como fotógrafo profissional no início dos anos 90 do século XIX foi extremamente convencional, resultado de uma decisão consciente de se colocar à disposição de outros artistas. Pôs na sua porta uma pequena placa com as palavras “Documents pour artistes”. Mais tarde reuniu os mesmos motivos que foram referidos no jornal, e colocou-os à venda na série “Paysage – Documents divers” [Paisagens – Documentos diversos]. Vendeu ainda estudos figurativos individuais.
O sucesso tardou. Como podemos compreender dos poucos documentos que sobreviveram, planejava criar gradualmente um círculo de clientes através dos contatos que tinha com outros aristas. Estes incluíam pintores, escultores, ilustradores, gravadores, arquitetos e designers de palco e de interiores. Sem dúvida que suas primeiras vendas, a artistas de renome como os acadêmicos Luc Olivier Merson (1846-1920) e Edouard Detaille (1848-1912) o ajudaram a estabelecer uma reputação. Dependendo das recomendações de seus clientes habituais – colecionadores interessados na velha Paris, assim como várias Bibliotecas e editoras – Atget expandiu firmemente os seus negócios. Registrava as suas visitas aos clientes e os nomes de potenciais compradores num livro de endereços muito bem cuidado – o seu “répertoire” – que revelava uma rede muito ampla de contatos profissionais.